domingo, 15 de janeiro de 2012

O JABUTI E O COELHO



Entre Jabutis e Coelhos Literários

    Aqui, não se trata da clássica fábula do coelho desafiando o jabuti para uma corrida, onde o menosprezo resulta em derrota. Não, neste cenário, jabuti e coelho representam figuras distintas: o esotérico Paulo Coelho e o prestigiado Prêmio Jabuti, um ícone literário brasileiro. Uma relação que, recentemente, se viu permeada de controvérsias.

    O Prêmio Jabuti, erguido em 1957, tornou-se a mais cobiçada honraria da literatura nacional. No entanto, este ano, as águas tumultuaram. A editora Record ameaçou abandonar a disputa, revelando lacunas no regulamento. Autores premiados clamaram por regras mais claras, especialmente diante da escolha de "Leite Derramado," de Chico Buarque, para Livro do Ano, desbancando "Se Eu Fechar os Olhos Agora," de Edney Silvestre.

    E onde entra o Coelho esotérico nessa trama literária? Paulo Coelho, sem cerimônias, rotulou o Jabuti como "irrelevante" e disparou críticas: "anda devagar, prestígio só dentro do casco (intelectualóides), nunca vendeu livros." Uma posição questionável, pois, apesar da polêmica, o Jabuti ostenta o título de prêmio literário mais prestigiado do país. Alguns até ousam dizer que o irrelevante é a obra de Paulo Coelho.

    O mago literário, traduzido para 51 idiomas, detentor do recorde de autor brasileiro mais lido, continua a polarizar opiniões. Acadêmicos refutam seus escritos de autoajuda, negando-lhes dignidade estética. Não é necessário ser crítico literário para perceber a "pobreza literária" em suas obras, como aponta Eloésio Paulo em "Os 10 Pecados de Paulo Coelho."

    As críticas se estendem a obras específicas. Janilto Andrade, em "Por que não ler Paulo Coelho," desvenda contradições em "O Alquimista," classificando-o como mero sedativo para a consciência do homem contemporâneo.

    O sucesso internacional de Paulo Coelho, especula-se, deve-se à mente estratégica de sua agente, Mônica Antunes. A teoria da conspiração sugere que tradutores habilidosos transformam uma suposta farsa literária em prestígio internacional.

    Enquanto o mago coleciona vendas, a crítica literária, acadêmica e a própria Academia Brasileira de Letras questionam sua relevância. A visão de Josse Gerard afirma que seu público são "donas de casa," sem desmerecer essas leitoras. E, mesmo superando recordes de vendas, Paulo Coelho permanece à margem dos prestigiados prêmios literários.

    Em meio a jabutis e coelhos literários, a controvérsia persiste. O sucesso nas prateleiras não garante a consagração literária. Talvez, ao final, o reconhecimento literário seja um troféu que o Coelho esotérico jamais conquistará. Irrelevante ou não, a literatura continua a ser palco de debates e dilemas, onde jabutis e coelhos, cada qual com seu mérito e demérito, seguem suas corridas literárias.